Texto de Desabafo

Esse é um texto destinado às 6 pessoas da minha vida (não contando amigas Anas da net) que descobriram o meu maior segredo, seja por que eu lhes contei ou por que me pegaram no banheiro.
Não sei o que eu seria sem o apoio que eles me dão para vencer todos os meus obstáculos.
Estou postando ele aqui por que acho que consegui me expressar bem nele, e que muitas de vocês se identificaram.

"Atualmente ando meio sozinha e devagar. E me perguntando sempre como cheguei aqui. Desisto e me lembro que já vaguei demais a ponto de me perder. Continuar com a Ana parece ser muito mais fácil do que desistir dela e é nesse ponto que chega a decisão: se tratar ou não se tratar? Sinceramente, eu juro, me pergunto com frequência se realmente quero morrer por ela. Uma vida com Ana não promete felicidade e muito menos saúde, mas uma vida sem Ana é completamente impossível de se imaginar para alguém que convive com isso desde os nove anos. De vez em quando eu tenho muita vontade de gritar ao mundo que minhas atitudes mesquinhas tem uma razão séria. Ai, completamente idiota, me vejo numa maca de hospital, cheia de soro, praticamente em ossos rindo e gritando para os outros a minha volta: "Viram? Eu não sou uma criança ridicula e mimada. Eu sofro o triplo do que vocês já sofreram juntos!" Parece que causar mais mal a mim mesma me dá mais forças pra provar aos outros os meus motivos. O que me torna ainda mais infantil. Mas fazer o quê, eu cresci com isso e vivo com isso. Essa semana minha mãe me falou do quão grande era o medo dela de que eu desenvolvessse algum T.A. Juro que por pouco não me jogo em seu colo e começo a chorar e lhe contar tudo o que me ocorre e ocorreu. Mas antes que eu possa pensar, me vejo rindo e dizendo que aquilo era loucura. É a Ana, falando e agindo por mim. Sempre é ela, me acordando no meio da noite para me pesar, me tocando de casa na chuva para correr, me debruçando sobre a privada, fazendo-me fechar a geladeira e me contentar com um copo d'agua. É uma confussão tão louca que eu desisti de tentar resolver e "deixei levar". E todas as noites eu me questiono, será esse meu erro? Será essa a chave para o meu sucesso?
Não sei - ou sei mas não admito nem pra mim mesma - o por que de que tudo que se assemelha a Ana me lembre sempre a ideia de final, de fim.
Minha vida a tempos se tornou dias nublados, e meu raio de sol é um quilo à menos na balança, do mesmo jeito que a minha tempestade é uma compulção. Não quero mesmo trazer ninguém para esse mundo, mas tampouco quero sair. É dificil de mais, facil de mais, confuso demais. Prefiro minha calmaria, entre tempestades e raios de sol, furacões e manhãs tropicais.
Talvez eu jogue um dia tudo para o alto, crie uma ONG e ajude outras pessoas como eu. Talvez eu me deixe levar pela fome e acabar com ela em sono eterno num caixão. Mas tenho muita estrada até lá. A inocente esperança de que falta muito tempo para tomar uma escolha me acalma, mas eu sei que esse tempo já passou. Agora é, novamente, hora de esperar as consequências, como sempre.
Impulsiva e controlada, desleixada e perfeccionista, radical e esteriotipada, indecisa e decidida. Deselvolvi minha própria personalidade junto à que Ana me fez criar. Penso que meu estilo, cabelos, piercings, tatuagens e o acrecimo de peso foi a minha maior revolta contra a anorexia, foi a minha deixa para tentar ser alguém que eu realmente era, não à imagem de pessoa ideal. Mesmo assim nunca perdi a culpa ao comer, nunca deixei de vomitar pelo menos uma vez ao mês, sempre chovara protegida pelo escuro por causa dos meus braços e coxas. No fundo eu nunca parei, e nunca vou parar. A gente ameniza alguma coisa ou outra. A gente se ajeita, consegue ficar cofortável em meio ao desconforto. mas nunca se sacia de verdade. Eu escrevi isso numa madrugada de insonia, chorosa e dolorida. Estou enviando esse texto aos poquíssimos amigos que conhecem meu T.A., não como um pedido extremo de ajuda, mas sim de compreenção e até mesmo de auxílio. Ignorem alguns erros de gramática, concordância e repetição. Achei mais justo deixar a Laura escrever, não a Ana e sua mania de perfeição.
Saiba que vocês são extremamente importantes na minha vida. Sem a confiança em que depositei em vocês ao contar meu problema, provavelmente eu teria explodido com meu segredo. Mas cada um se mostrou firme a ficar do meu lado, seja qual fosse a minha decisão.
Acho que é cedo de mais até mesmo para revelá-la à mim.
Sem intenção de proporcionar lágrimas ou risadas, o que eu digo aqui tem o único objetivo de agradecer à vocês, seja pelo pouco ou gigantesco trabalho que é me aturar.
Provavelmente amo todos vocês."

Força a todas!

Ahh! Eu achei lindo seu texto. Simples e sincero. Parabéns, Penny. Gostei imenso. E acho que é isso mesmo que você disse...
É uma luta diária.

Que bom que gostou Eliza (:

passo pelas mesmas coisas, cara chorei quando li isso, achei muito lindo! parabéns

Que bom que você se identificou AnaMia! *-*
Eu gostaria muito que as wannabe's lessem esse texto, para entenderem no que estão realmente se metendo.

Bom, me senti escrevendo esse texto, me sinto assim, sempre.

"Minha vida a tempos se tornou dias nublados, e meu raio de sol é um quilo à menos na balança, do mesmo jeito que a minha tempestade é uma compulção. Não quero mesmo trazer ninguém para esse mundo, mas tampouco quero sair. É dificil de mais, facil de mais, confuso demais. Prefiro minha calmaria, entre tempestades e raios de sol, furacões e manhãs tropicais. "

Adorei seu texto, realmente ( :

Esse trecho escrevi separadamente, e considero um dos meus melhores. Realmente me identifico demais com ele.